Praça dos Peixes: www.google.com.br/images."Photo details
- Enviada em Março 20, 2009© Todos os direitos reservados por Andarilho Gusmão.Câmera: Canon PowerShot SX110 IS.Tirada em 1980/01/01 00:01:38". Em 2010 um peixinho sumiu!
Marina da Silva
Começou ainda ali, anos 10 do século XXI, ganhar força imensurável um fenômeno abjeto, abominável e que vem arrasando uma das que já foi intitulada Cidade Jardim e um dos melhores lugares para se viver, enfim, Belo Horizonte, capital do riquíssimo estado de Minas Gerais. De lá para cá e entre o final de 2009/10 algumas coisas importantes para o bom funcionamento do corpo social começaram a deteriorar, a desaparecer, tornar-se invisíveis em Belô. Do dicionário político/administrativo e mesmo do Aurelião palavras perderam corpo, força, não existem mais: cuidar, amparar, fazer, proteger, repor, reparar, recuperar, preservar, restaurar, administrar, governar, limpar, coletar, podar, jardinar, capinar, aguar, são alguns exemplos. Uma série enorme de palavras importantes ligadas aos serviços essenciais urbanos para a sociedade, para comunidades inteiras foram substituídas por: terceirizar, sucatear, desprezar, superfaturar, locupletar, enganar, ludibriar, roubar, corromper, consorciar, aliar, conluiar...
Fotos Marina da Silva
A cidade virou empresa, os cidadãos e cidadãs perderam o status de cidadania [hoje restrita ao dedo que aperta botão de urna eletrônica] e são tratados como colaboradores, pagadores de impostos, consumidores de quinta categoria, gado eleitoral! Várias edificações históricas desapareceram do mapa de Belô no surto especulativo e irresponsável da verticalização imobiliária. Vários patrimônios históricos foram literalmente tombados e muitos outros, agonizantes, estão prestes a desmoronar! A sujidade e pichações passaram a compor a paisagem da metrópole. Nunca se fez tanto...descaso, desrespeito, descompromisso social, ambiental, fiscal, cultural, histórico etc e tal também, numa das mais importantes capitais do Brasil.
Fotos Marina da Silva
Uma enorme população “moradora de rua” ocupa viadutos, ruas, praças, rede de esgoto, passeios, parques de Belo Horizonte e vagam daqui para ali sem quê nem por que! O viver em condições subumanas destes seres humanos é banalizado em explicações que não só justificam a “desadministração” atual como limpa almas: não são gente, são vagabundos, drogados, parasitas sociais, radicalizam uns; são pessoas que gostam de morar nas ruas, afirmam outros; é um estilo de vida; a maioria tem família e casa.
As principais praças e pontos turísticos de Belo Horizonte estão ocupados por essa gente que adora viver no “bem-bom” importunando pessoas de bem em pequenos assaltos ou com o eterno “me dá uma esmola, me dá um dinheiro” sem sequer dizer obrigado ou “pelo amor de Deus, por caridade”!
E, como não existem banheiros públicos para invisíveis - essa espécime miserável sem teto sem nada - Beagá vive cagada, mijada, imunda, pichada, atolada no lixo, principalmente na área central e bairros no seu entorno.
A invisibilidade tomou ruas e principalmente viadutos e praças: praça da Liberdade, praça Raul Soares, praça Barão do Rio Branco que também atende como praça da Rodoviária, praça da Estação e o caso mais intrigante de invisibilidade...a praça dos Peixes. A invisibilidade atual* tem data, governo, ocupa todos os poderes, com destaque para o legislativo e executivo cuja meta, missão e visão (cegueira) é transformar o estado e capital em empresa, governar através de choques e PPP- promiscuidade público-privada nas obras públicas e tratar a população como reles gado! O choque de gestão em Minas Gerais [2002 aos dias atuais], em duas etapas, condenou gerações à precariedade nos serviços básicos: saúde, educação, segurança pública, transporte, saneamento, moradia, alimentação, gestando invisibilidade, cegueira, surdez, mudez, calando a voz da maioria e das minorias também!
Fotos Marina da Silva Revolta do busão/jun 2013. lacerda, atual prefeito, foi secretário do desenvolvimento econômico do governo aécio/anastasia e um dos gestores do choque de gestão.
Voltando a praça dos Peixes...
Entranhada no complexo invisível de viadutos da Lagoinha é popularmente conhecida assim por haver ao seu derredor peixarias que abastecem a cidade. Numa das intervenções na área a pracinha ganhou árvores, jardins cuidados, plantas ornamentais, algumas árvores e três lindos peixinhos coloridos. Em 2010 um peixinho sumiu e os outros dois empalideceram pasmos e chocados!
Fotos Marina da Silva. Posso fingir que eles não existem, fingir cegueira, mas como evitar que saiam nas fotos, que escancarem toda a nossa miséria pelas janelas dos carros, busão, brt?
Com as obras de duplicação da avenida Antônio Carlos [2003-2010] a praça dos Peixes recebeu novos ocupantes desalojados na desocupação de imóveis, lotes vagos e Cracolândia. Atualmente, como até os bilhões da World Cup 2014 sumiram para as contas de empreiteiros consorciados, toda a área do complexo invisível da Lagoinha e praças e áreas anexas estão invisivelmente ocupadas por choças de papelão, plástico preto, carrinhos de supermercados, carroças de agentes ambientais, mais conhecidos como catadores de materiais reciclados. Desde a terceirização do Serviço de Limpeza Urbana em 2010, a cidade vive no lixo!
E são os moradores de rua, essa gente humilde, pobre, miserável que, com uma força desumana, além de garantir a sobrevivência e uma cidadania de araque, deixam Belô mais limpa ou menos suja! Embora a maioria seja negra e/ou parda, essa população é invisível aos olhos dos “desadministradores” de Beagá que gastam milhões de dólares com empresas não tão idôneas e em propagandas eleitoreiras vangloriando obras meia-boca, inacabadas, suspeitas de superfaturamento e que não resistem a uma soprada. Até mesmo uma boa parte da população belorizontina que enxerga praticamente não vê nada!
Fotos Marina da Silva. Posso fingir que eles não existem, fingir cegueira, mas como evitar que saiam nas fotos, que escancarem toda a nossa miséria pelas janelas dos carros, busão, brt?
Com as obras de duplicação da avenida Antônio Carlos [2003-2010] a praça dos Peixes recebeu novos ocupantes desalojados na desocupação de imóveis, lotes vagos e Cracolândia. Atualmente, como até os bilhões da World Cup 2014 sumiram para as contas de empreiteiros consorciados, toda a área do complexo invisível da Lagoinha e praças e áreas anexas estão invisivelmente ocupadas por choças de papelão, plástico preto, carrinhos de supermercados, carroças de agentes ambientais, mais conhecidos como catadores de materiais reciclados. Desde a terceirização do Serviço de Limpeza Urbana em 2010, a cidade vive no lixo!
Fotos Marina da Silva
E são os moradores de rua, essa gente humilde, pobre, miserável que, com uma força desumana, além de garantir a sobrevivência e uma cidadania de araque, deixam Belô mais limpa ou menos suja! Embora a maioria seja negra e/ou parda, essa população é invisível aos olhos dos “desadministradores” de Beagá que gastam milhões de dólares com empresas não tão idôneas e em propagandas eleitoreiras vangloriando obras meia-boca, inacabadas, suspeitas de superfaturamento e que não resistem a uma soprada. Até mesmo uma boa parte da população belorizontina que enxerga praticamente não vê nada!
Uma praça de guerra, bombardeada, arrasada, um campo de refugiados é o que pensaria, se enxergassem, a população não miserável acometida pela invisibilidade! O que acontece na praça dos Peixes é verdadeiramente uma guerra...pela sobrevivência! A praça, os viadutos, as áreas ao redor do complexo invisível de viadutos da Lagoinha, além de moradia é o local onde ocorre a separação do lixo reciclável para venda e do lixo que serve para alimentação, vestuário, materiais para construir as choças, aquecer do frio! O lixo é lucro, mas não para eles! É nesta área também que se concentra os compradores de recicláveis, os intermediários do “leilão” do lixo; existe uma bolsa de valores do lixo onde as transações geram lucros impensáveis!
O complexo de invisibilidade abate-se de norte a sul, leste a oeste, nas nove regiões administrativas de BH espraiando-se por calçadas, ruas, marquises, prédios históricos ou não, praças, parques, edificações abandonadas, lotes vagos e nas dezenas de viadutos construídos nas últimas intervenções na cidade [2003-2014]! Embora ignorados, são seres humanos, gente, que teima em se mostrar à luz do dia impunemente, desfilando suas tralhas – 500-800 toneladas de recicláveis – pelas ruas e avenidas, incomodando o mundo e atrapalhando o tráfego!
Fotos Marina da Silva
O peso do lixo corrói seus corpos extraindo deles uma mais-valia absoluta inimaginável! O lixo é o ouro sujo do século, mas não consegue dar visibilidade aos trabalhadores, homens, mulheres, crianças de todas as idades, os parias que enfeiam o belo horizonte de BH e “rejeitam” os abrigos públicos por adorar viver em condições desumanas pelas ruas da metrópole! Em 2005 cogitou-se eleitoralmente enxergar a “tragédia invisibilidade” disponibilizando carrinhos motorizados para acelerar os lucros com recicláveis e mesmo estimular a colaboração absoluta e relativa dos trabalhadores com uma bolsa-esmola estadual: a bolsa-catador. Mas tudo desapareceu quando estourou o escândalo mensalão tucano/petista! O que veio depois foi o segundo choque de gestão que piorou o que já estava ruim, com cortes nos gastos públicos, arrocho salarial dos funcionários públicos, aumento absurdo da terceirização na administração da cidade.
Em 2011 volta a cena a Bolsa-esmola e em 2012 os digníssimos deputados aprovam a bolsa-catador, mas é necessário ser um cooperado. No entanto, milhares de catadores no estado e na capital não pertencem a cooperativa alguma!
Foto Marina da Silva. "É gente humilde que vontade de"...GRITAR!
"Minas Gerais, com 241,3 bilhões de reais, detém o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, atrás somente dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Sua contribuição para o PIB nacional é de 9,1% e no âmbito regional, sua participação é de 16,1%. A composição do PIB mineiro é: agropecuária 8,4%, indústria 31,9%, serviços 59,7%." População estimada aproximadamente em 20.700 milhões de habitantes.
Em 2011 volta a cena a Bolsa-esmola e em 2012 os digníssimos deputados aprovam a bolsa-catador, mas é necessário ser um cooperado. No entanto, milhares de catadores no estado e na capital não pertencem a cooperativa alguma!
A invisibilidade cresceu ainda mais, pela impotência da sociedade civil frente ao estado e pela cortina de fumaça das “grandes obras PAC's I e II, PAC Copa, PAC mobilidade. Cegos em Belo Horizonte são pouquíssimos, a maioria que enxerga porém, apáticos, sub-representados numa democracia representativa falsa, acabam por nada fazer para debelar a invisibilidade, apegando-se aos dias melhores virão, no próximo governo mudará; porém em Minas Gerais e Belo Horizonte os políticos vivem coligados, compactuados, sem dissensão, conflito de interesses, são sócio-competidores mutualísticos se revezando nos cargos a cada dois anos aplicando a lei de Gerson: levar vantagem em tudo!
BH desadministrada: o caso de descaso mais impressionante é o que aconteceu com os Ficus da praça Bernado Monteiro na área hospitalar.
Vergonha, desonra, desgraça! É o que deveriam sentir os políticos do Brasil, Minas Gerais incluso, se a política ou a administração pública se movesse no campo da Ética, moral, bons costumes ou se a preocupação dos poderes representativos preocupassem com o bom andamento, estabilidade e saúde do corpo social para o qual foram eleitos e são regiamente pagos e lógico, de todos os milhares de dólares que embolsam do dinheiro público!
*Até 1889 o Brasil era uma monarquia escravocrata. Os negros trazidos para cá não tinha “almas” como os brancos europeus e não passavam de mercadoria. A abolição dos escravos aconteceu um ano antes da proclamação da República, em maio de 1888. A invisibilidade no Brasil, portanto, pode ser rastreada ainda na primeira República, ganhando força e se espraiando pelo território com o advento do capitalismo,conhecida como Era Vargas.