MUNDO
$1,99: A CORRUPÇÃO DO CARÁTER HUMANO
Mosaico a partir de
www.google.com.br/images. Em 1972 Nixon se "rende", apesar de
anti-comunista, às possibilidades capitalistas na China. Nesse ano
visita Deng Xiao Ping e Leonid Brejnev derretendo a "Guerra Fria".
Marina da Silva*
Quando no governo de Richard Nixon
[1969-1973; 1974(Watergate e renúncia] os Estados Unidos congelaram a “Guerra fria” e abriram a China para o mundo
capitalista, leia-se primeiro mundo, foi dada a largada para um retrocesso e
perdas inimagináveis de todas as conquistas históricas humanas materiais e
espirituais construídas ao longo processo de desenvolvimento da sociabilidade
humana.
A Gold Age ou a era de
ouro do capitalismo moderno – fase de reconstrução dos países assolados pelas
duas Grandes Guerras – agonizava e chegava ao fim nos anos sessenta, século XX.
A década seguinte, anos setenta com a crise do petróleo, base energética da
indústria, o aumento exponencial da competição pelos mercados com a reconstrução
da Europa, Japão (invasão de produtos) e ascensão de novas nações industrializadas, os tigres asiáticos
jogaram “a pá de cal” no sistema fordista/taylorista.
http://www.br.emb-japan.go.jp/cultura/comercio.html "Nos anos 70, a
importância das exportações de matérias-primas industriais, como
produtos químicos e aço, entrou em declínio, e as exportações de
maquinário e eletrônicos aumentaram conforme produtos de valor agregado
ganhavam uma ênfase cada vez maior.
A partir dos anos 80 e até o início dos anos 90, houve um rápido aumento
das exportações de produtos de tecnologia intensiva – como
computadores, semicondutores, eletrônicos de uso comum, ferramentas
industriais, máquinas de fax, automóveis e outros meios de transporte."
Produção em massa, massa
de trabalhadores, plantas industriais gigantescas, sindicalismo de massa, forte
e atuante vão sendo substituídos e adaptando-se à produção enxuta horizontalizada (Toyotismo e
variantes) e criando um novo estilo de produzir, novas formas de gerência e
relações de trabalho [subcontratação, terceirização, escravidão], dando fim ao sonho de progresso e ascensão social
individual verticalizado! Uma fenomenal onda de novas tecnologias e descobertas
científicas colocaram em curso uma mudança no caráter da produção: plantas
industriais pequenas, uso intensivo da informatização, robotização, mecanização
com base na microeletrônica, bioengenharia, etc, aliada à fantástica revolução
nos meios de transporte e comunicação e fortalecimento do
neoliberalismo (Estado Mínimo, privatizações)
foram solapando as conquistas sociais, enfraquecendo o sindicalismo
combativo, o “estado de Bem-estar-social" e criando desemprego tanto pelo
fechamento e relocalização industrial dentro da fronteira nacional e mesmo a
dispersão geográfica de etapas da produção ou toda produção para países
periféricos, leia-se China!
Foto Marina da Silva. Capa do livro. "
E eu queria responder a grande pergunta: estaria a China entrando
também na sociedade de consumo?" Henfil, 16-07-1977.
Em 1977, um ano após a
morte de Mao-Tse-Tung, “o comunista roxo” Henfil chega a China “antes da
Coca-Cola”e intuitivamente “sentiu” que havia algo suspeito no ar: um forte
discurso ideológico autoritário comunista amparando e dando sustentação a
produção capitalista!
Tiro certeiro, Henfil
capturou o “espírito da coisa”, um sistema capitalista híbrido, o
capitalismo-comunista ou comunismo-capitalista em seu nascedouro. Cerca de duas
décadas após a visita histórica de Henfil, a China entra para a Organização Mundial do
Comércio-OMC (1999) oficialmente, pois já dominava o mundo e fabricava a sua própria
Coca-cola!
www.google.com.br/images.PIB Estados
Unidos 16.768.50; China 9.181.204; Japão 4.898.532 ; Alemanha 3.730.261e
Brasil 2.243.854 o quinto maior PIB (Produto Interno Bruto) em 2013.
Um salto de crescimento
econômico intergaláctico eleva o dragão chinês, um imenso continente, ao patamar
da segunda potência capitalista do planeta nos anos dois mil, século XXI. Todo
mundo produz na China, a China é a “fábrica” do mundo e copia e falsifica todo mundo. O
resultado? Um tsunami de pirataria, produtos falsificados, genéricos sem a
menor responsabilidade com a qualidade das matérias primas, total
irresponsabilidade ambiental, uso, abuso e crueldade com os trabalhadores, ops,
escravos chineses, atolando o mundo de falsetas! Destaque para a América latina,
principalmente para o Brasil que não somente virou um mero repassador de
produtos ilegais como também estava produzindo e se tornando o principal
vendedor de matérias primas (commodities minerais e agrícolas) e comprador e
distribuidor das mercadorias chinesas piratas nos grandes shoppings legais e
principalmente ilegais das grandes metrópoles!
Grandes lojas de
departamentos e hipermercados, além de
vender produtos nacionais fruto de trabalho escravo (setor de confecções de SP)
entulham-se mais e mais com produtos chineses. Lojas Americanas, C&A,
Renner, Riachuelo, Zara, Rede Pão de Açúcar, Carrefour, Wal-Mart, Adidas
citando alguns exemplos, passaram a vender caríssimo o que compram quase a
custo zero: mercadorias feitas com o suor, sangue e vida dos trabalhadores
chineses, indianos, tailandeses, vietnamitas, coreanos, brasileiros,etc.
Mosaico a partir de images google e
fotos Marina da Silva (BH-Brasil): Nos Estados Unidos "Tudo por ten
dólares(US$10,00); No Reino Unido "Tudo por 99p ninety nine pounds e no
Brasil "Tudo a partir de R$1,99"
A grande farra de
mercadorias falsetas da China foi protagonizada por lojinhas populares “Tudo por
1,99” que pouco tempo depois trocaram o slogan “A partir de 1,99” e
imediatamente se transformaram para “De 1,99 a 99” acompanhando o boom
econômico, a descoberta dos mega campos de petróleo e gás da camada pré-sal e o
aumento inimaginável da corrupção política e econômica da nação brasileira no
atual “maior escândalo de roubo e corrupção” deflagrado pela Polícia Federal na
operação Lava-jato! À corrosão e corrupção do caráter da produção se deu
simultaneamente a corrosão e corrupção do caráter das pessoas colocando abaixo
valores como ética, honra, compromisso, moral, respeito, hombridade, honestidade tanto no modo de
produzir mercadorias como produzir e viver a vida humana. Para cada lado que se
olhe no primeiro mundo, terceiro mundo, submundo lá estão expostos e à venda os
corpos, a alma, a vida de trabalhadores escravizados e muita corrupção e assalto aos cofres públicos.
www.google.com.br/images.Complexo
Paraísopolis, encravado num dos mais caro e luxuosos bairro de São
Paulo: Morumbi.Como "limpar" os pobres do Morumbi? Grandes eventos e
grandes obras públicas no padrão FIFA!
“Tudo que é sólido se
desmancha no ar”, a frase profética de Karl Marx sobre a incontrolável e
arrasadora força do capital se cristaliza pouco depois do centenário de sua
morte! Uma miséria material e principalmente espiritual avassaladora atinge
enormes contingentes populacionais pelo mundo imposta e cultivada pela
“globalização”. Imensos bolsões de miséria convivem com o luxo e esplendor de
riquezas concentradaS em mãos de poucos num mundo de potencialidades humanas
inimagináveis! O mundo se divide novamente em dois blocos: consumidores de
altíssimo luxo, um seletíssimo e restrito grupo e uma imensa massa de
consumidores de falsetas, genéricos, produtos e vida 1,99! Um estilo de vida chulo,
de parcas e deprimentes necessidades e aspirações materiais e principalmente
espirituais! O caráter, o “ser” de homens e mulheres, a sociedade embotam-se à
subsunção do corpo político à ignomínia capitalista, ao roubo descarado e sua nova ordem mundial!
"A
transformação da estrutura do mercado de trabalho teve como paralelo
mudanças de igual importância na organização industrial. Por exemplo, a
subcontratação organizada abre oportunidades para a formação de pequenos
negócios e, em alguns casos, permite que sistemas mais antigos de
trabalho doméstico, artesanal familiar (patriarcal) e paternalista
("padrinhos", "patronos", e até estruturas semelhantes da máfia) revivam
e floresçam, mas agora como peças centrais, e não apenas apêndices do
sistema produtivo. O retorno de formas de produção que envolvem
exploração em cidades como Nova Iorque, Los Angeles, e Londres se tornou
objeto de comentários na metade dos anos 70 e proliferou, em vez de
diminuir, na década de 80. O rápido crescimento de economias "negras",
"informais" ou subterrâneas" também tem sido documentado em todo o mundo
capitalista avançado, levando alguns a detectar uma crescente
convergência entre sistemas de trabalho "terceiromundistas" e
capitalistas avançados." David Harvey in Condição pós-moderna, 1989; grifos meus
Rebaixados, desempregados,
subempregados, terceirizados, precarizados, a renda limitada a acordar vivo no
dia seguinte, necessidades espirituais e materiais reduzidas ao estado mínimo
da sobrevivência chegamos ao século XXI no Life Style 1,99**, limitados, escravizados
espiritualmente, corrompidos. Um estado naturalizado e banalizado nos países
terceiro-mundistas que após a “Crise sub-prime em 2008 é instituído sem dó nem
piedade, a ferro e fogo pelo Fundo Monetário Internacional ao Primeiro mundo
capitalista.
http://imediata.org/?p=2551"Grécia – cobaia para o massacre social europeu – para sair da crise, trabalhem como escravos"
Muito pouco ou quase nada
importa aos povos subdesenvolvidos terceiro-mundistas classificados como
“bananas e vira-latas” pelo primeiro mundo aceitar a enganação, falsificação e
corrupção dos produtos chineses em seus países de origem ou comprá-la nas
feiras de importados nos Estados Unidos e Europa, mas é aviltante e humilha e
dói aos povos que experimentaram com muito suor, trabalho duro e sangue em
muitas guerras um “estado de bem-estar e renda invejáveis" ter que se submeter
às intrusões, ingerências do FMI na economia e soberania nacionais dentro da Zona
do Euro.
www.google.com.br/images.
A corrupção de ideais
nobres, da moral, ética, honra em prol da super especulação financeiras da
“Crise financeira mundial” que implodiu a economia de países como Portugal,
Espanha, Itália, Grécia e a super exploração de povos escravizados e dos
próprios nativos precarizados em prol das jogatinas financeiras e altas taxas
de lucro para poucos capitalistas tornou o primeiro mundo num imenso barril de
pólvora de pavio curto!
September Eleven 2001 Estados Unidos; Paris em Chamas 2005; ataques terroristas a Londres, a crise especulativa de 2008 com epicentro nos EUA e que devastou a zona do euro em 2011; os movimentos Occupy Wall Street; marchas contra corrupção; marchas contra o FMI, ascensão do Estado Islâmico e ataques terroristas, recrudescimento da xenofobia, os crimes raciais, aumento da pobreza e miséria de milhões de pessoas, etc, etc e tal também em marcha acelerada. Eis o “Day after” da reorientação capitalista neoliberal do último quartel do século XX em curso, mas...este é tema para um próximo artigo!
www.google.com.br/images. Crise do Euro, 2011.
September Eleven 2001 Estados Unidos; Paris em Chamas 2005; ataques terroristas a Londres, a crise especulativa de 2008 com epicentro nos EUA e que devastou a zona do euro em 2011; os movimentos Occupy Wall Street; marchas contra corrupção; marchas contra o FMI, ascensão do Estado Islâmico e ataques terroristas, recrudescimento da xenofobia, os crimes raciais, aumento da pobreza e miséria de milhões de pessoas, etc, etc e tal também em marcha acelerada. Eis o “Day after” da reorientação capitalista neoliberal do último quartel do século XX em curso, mas...este é tema para um próximo artigo!
*Olá
amigos do blog Marina da Silva: estive passando uns perrengues e como
tenho limitações e dores no braço e mama D dei um "espação" nas minhas
publicações. Agora volto com tudo, pelo menos um artigo quinzenal e quem
sabe semanal. Obrigada pela paciência! Marina.
** Life Style 1.99 é uma expressão cunhada por mim na tentativa de apreender e entender um mínimo do atual fenômeno de apropriação e expropriação capitalista em todo o mundo!
** Life Style 1.99 é uma expressão cunhada por mim na tentativa de apreender e entender um mínimo do atual fenômeno de apropriação e expropriação capitalista em todo o mundo!