"POR QUE A GENTE É ASSIM*?"
Marina da Silva
Apelar para Deus - é do jeito que Deus manda e quer - afirmando que o país não acordou cedo para a distribuição do poder mundialé estultícia! Até porque é Deus é brasileiro.
Nação de macacos, índios atrasados, mulatas (leia-se prostitutas), apenas reforça que o "primeiro mundo" pouco ou nada sabe deste imenso e riquíssimo continente chamado Brasil. Colocar a culpa nos colonizadores portugueses e sua ambição desmedida, devastadora, destrutiva comparando-os com colonizadores da América do Norte é mera preguiça mental e de pouco bom tom. Fica fácil: somos assim porque os colonizadores portugueses, bur..., ops, não muito inteligentes - um folclore brasileiro - exploravam, apoderavam das riquezas e iam gastá-las nas cortes europeias enquanto isso nos Estados Unidos, desde o início, os que lá chegaram vieram para formar colônias de povoamento. É tese extremamente simplória e...absurda! Mas deu lei geral!
É preciso um esforço...mental, para tentar entender o que se deu nestas bandas levando-se em conta a "ordem mundial" de então...
Mosaico a partir de www.google.com.br/images.
A partir do século XVI [1500-1599] o mundo começou a viver um surto de expansionismo e globalização, provocada pelo enfraquecimento e morte do sistema de produção feudal (mercadorias com valor de uso, só para a subsistência). O ressurgimento de cidades e rotas comerciais, a revolução comercial, a formação dos "estados nacionais" tal como os conhecemos e ainda,o surgimento, fortalecimento e expansão domodo de produção capitalista cujo pilar de sustentação é a produção de mercadorias com valor de troca (compra/venda) aumentou inexoravelmente a demanda por matérias primas e metais preciosos oriundos das novas terras conquistadas e colonizadas.
www.google.com.br/images. Paz de Vestfália. Fim da guerra dos TRINTA ANOS. Estados Nacionais [em 1648] com seus escudos, armas, bandeiras, exército, fronteiras, monarcas, nobreza e...a burguesia!
"Em 24 de outubro de 1648 são assinados dois importantes acordos internacionais que, juntos, selam a Paz de Vestfália, colocando fim à Guerra dos Trinta Anos, que devastou a Alemanha. Além de alterarem o mapa e a balança de poder no continente, eles também serviram de base para os modelos modernos de Estado-nação e soberania estatal. A Paz de Vestfália foi o resultado de uma série de ações diplomáticas que resultaram na assinatura de dois tratados no mesmo dia : o de Munster, na atual Alemanha (15 de maio), envolvendo a França e o SIRG (Sacro Império Romano-Germânico), além de seus respectivos aliados, e o de Osnabruck, entre o SIRG e a Suécia. A reorganização da Europa Central instituída pelos Tratados de Vestfália perduraria até a Revolução Francesa, 150 anos depois."http://operamundi.uol.com.br/conteudo/historia+paz+da+vestfalia.shtml
É nesse contexto histórico que as Américas (Norte, Central, Sul) darão sustentabilidade ao capitalismo, na fase identificada comoAcumulação primitiva de capitais, na obra de Karl Marx!
Portugal e Espanha foram os primeiros a se fundarem como "Estados nacionais" no auge do Feudalismo. Eram duas grandes potências enquanto as demais regiões europeias lutavam entre si pelo controle territorial e poder em contínuas guerras que juntamente com a peste negra e fome assolaram e quase dizimaram a população da Europa. A guerra dos Trinta anos não pôs fim à disputa pelo poder e o acordo de Paz de Vestfália,Alemanha, apesar de não domar totalmente o imperialismo, promoveu uma determinada "ordem" na casa! Estados autônimos e soberanos, fronteiras delineadas, moeda e hino nacionais singulares, prometeram respeitar e tolerar os vizinhos com seus nobres, reis, rainhas, culturas, artes, folclore, fé e ambições maquiavélicas montando o exército nacional, claro! Nada como uma longa e cruel guerra, aditivada pela peste e fome, para criar entre os povos " um juízo final"... ou quase!
É dentro desse meio que o capitalismo floresce e assume como sistema de produção dominante demandando intensa mão-de-obra, matérias-primas, metais preciosos e a expansão de reinos para "além-mar", o mesmo que colonização de terras no Novo mundo. É aqui que entram as colônias de povoamento e colônias de exploração (ainda hoje ensinada nas escolas). Muitas famílias desterritorializadas por perseguição religiosa, guerras, fome, abandonaram tudo e vieram para ficar, montar banca e progredir, fenômeno observado na América do Norte.
Portugal e Espanha, potências econômicas G2 da época, trataram de expandir os reinos em direção ao sul, partindo do México (América Central e do Sul)! Eram terras de ninguém habitadas por milhões de índios: Astecas, Maias, Incas, Tupis, Guaranis, Tupinambás, Tamoios, Goytacazes, Cariris, Carijós, citando só alguns dos povos exterminados pelos colonizadores.
O Brasil foi a mega sena acumulada do final de ano que sobrou para Portugal: pau-brasil e outras madeiras-de-lei, diversas espécies vegetais e animais silvestres, muito ouro, prata, diamantes, borracha, café, enfim, um vasto mundo abençoado em que se plantando tudo dá...sustentação à acumulação capitalista!
A missão, gestão estratégica, gestão de recursos, cumprimento de metas era a ordem do dia para as equipes e todos os que não colaborassem sofreriam choques de gestão da Coroa portuguesa, o mesmo que eliminação do quadro de colaboradores! A gestão de pessoas envolvia laços fortes: de forca, ferro e fogo em brasa: escravidão! A povoação do Brasil se dará com esse processo de eliminação draconiana, desaparecendo com uma diversidade de raças, uns seis milhões de indígenas! Diz a lenda que os índios eram bonzinhos até o momento em que os portugueses, franceses, ingleses pararam com os espelhinhos, bugigangas, bebidas alcoólicas, cantos sacros e focaram mais na escravidão, o ponto forte! Sorte ou azar, o que restou aos índios foi o paraíso dos jesuítas, missas em latim, rituais repetitivos e a certidão de nascimento com a alma inclusa!
"Um conselho de teólogos convocado por Carlos V, em 1550-1551(...) concluíra que os que viviam no Hemisfério Ocidental eram seres humanos com alma - portanto, passíveis de salvação. Essa conclusão teológica era também, é claro, uma máxima para justificar a conquista e a conversão. Aos europeus era dada a oportunidade de aumentar sua riqueza e, ao mesmo tempo, salvar suas consciências. Afirma H. Kissinger em Ordem Mundial.
É dentro desse meio que o capitalismo floresce e assume como sistema de produção dominante demandando intensa mão-de-obra, matérias-primas, metais preciosos e a expansão de reinos para "além-mar", o mesmo que colonização de terras no Novo mundo. É aqui que entram as colônias de povoamento e colônias de exploração (ainda hoje ensinada nas escolas). Muitas famílias desterritorializadas por perseguição religiosa, guerras, fome, abandonaram tudo e vieram para ficar, montar banca e progredir, fenômeno observado na América do Norte.
www.goolge.com.br/images.
Portugal e Espanha, potências econômicas G2 da época, trataram de expandir os reinos em direção ao sul, partindo do México (América Central e do Sul)! Eram terras de ninguém habitadas por milhões de índios: Astecas, Maias, Incas, Tupis, Guaranis, Tupinambás, Tamoios, Goytacazes, Cariris, Carijós, citando só alguns dos povos exterminados pelos colonizadores.
O Brasil foi a mega sena acumulada do final de ano que sobrou para Portugal: pau-brasil e outras madeiras-de-lei, diversas espécies vegetais e animais silvestres, muito ouro, prata, diamantes, borracha, café, enfim, um vasto mundo abençoado em que se plantando tudo dá...sustentação à acumulação capitalista!
A missão, gestão estratégica, gestão de recursos, cumprimento de metas era a ordem do dia para as equipes e todos os que não colaborassem sofreriam choques de gestão da Coroa portuguesa, o mesmo que eliminação do quadro de colaboradores! A gestão de pessoas envolvia laços fortes: de forca, ferro e fogo em brasa: escravidão! A povoação do Brasil se dará com esse processo de eliminação draconiana, desaparecendo com uma diversidade de raças, uns seis milhões de indígenas! Diz a lenda que os índios eram bonzinhos até o momento em que os portugueses, franceses, ingleses pararam com os espelhinhos, bugigangas, bebidas alcoólicas, cantos sacros e focaram mais na escravidão, o ponto forte! Sorte ou azar, o que restou aos índios foi o paraíso dos jesuítas, missas em latim, rituais repetitivos e a certidão de nascimento com a alma inclusa!
"Um conselho de teólogos convocado por Carlos V, em 1550-1551(...) concluíra que os que viviam no Hemisfério Ocidental eram seres humanos com alma - portanto, passíveis de salvação. Essa conclusão teológica era também, é claro, uma máxima para justificar a conquista e a conversão. Aos europeus era dada a oportunidade de aumentar sua riqueza e, ao mesmo tempo, salvar suas consciências. Afirma H. Kissinger em Ordem Mundial.
Mas a resistência dos indígenas tornou o negócio dispendioso. Faltou espelhos e capturar índio só com sermão, hóstia e vinho tornou-se uma via crucis. A salvação veio da África negra! Se umconselho teológico pode dar status de humano com alma para índios, é lógico que pode tirar esse status e foi o que ocorreu, dos negros, que do meio do nada viraram mercadoria para trabalho escravo no Brasil. A ladainha de que já eram escravos na África...serve para aliviar nossa consciência!
Indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e outros, tudo junto e misturado, miscigenado, diversificado, eis a cara do povo brasileiro! Viva nóis! Viva o povo brasileiro! Viva João Ubaldo!
Se podemos apreender e entender os processos econômicos, sociais, raciais na formação do país, estudando a História mundial, europeia em particular, da formação dos estados modernos e nascimento e glória do sistema de produção capitalista é que vamos saber "qual a parte que no cabe" na Ordem mundial e divisão de tarefas desde o "descobrimento"!
Já o caráter da política, o mesmo que administrar, e o mau caratismo dos políticos devemos estudar o sistema de governo, isso é, o "jeitinho português/espanhol de governar/administrar": o Patrimonialismo**! Duas faces mortais desse jeitinho: hereditariedade e apropriar e tratar a coisa pública como posse privada passando por cima d e toda a sociedade civil, o povo.Capitanias hereditárias, senhores de escravo, coronéis, barões, doutores, o grande pai, reis, de pai para filho! Autoritarismo, despotismo cruel, patrimonialismo. Tratando como gente as coisas; tratando gente como mercadoria, gado, bicho; tratando bichos como portadores de alma e cidadania! A nossa maior fraqueza não é "Um defeito de cor***" e sim a enorme impotência desde o fim da escravidão (1888) e fim do império (1889) frente à manutenção e insistência num status quo fisiológico que se reproduz dia-a-dia em todas gerações desde a República! Casa grande e senzala, protetor e protegidos, coronéis, barões, reis e seus "compadres", sr. doutor e desvalidos, paizão e pobres miseráveis! Mais de quinhentos anos de história, de "mediação", apropriação e expropriação do Estado e tratamento de gado vira-lata para mais de 200 milhões de brasileiros no solo de um gigantesco continente riquíssimo e um país que perfila entre as dez maiores potências econômicas do mundo e de valor geoestratégico e geopolítico inimaginável! Formar, criar, fundar um país com base na escravidão humana explica claramente "Por que a gente é assim"?, uma nação de vira-latas, gado de quinta-categoria, cidadania falseta restrita ao voto nas eleições a cada dois anos e ainda assim um voto laçado e encabrestado na força, na marra, com um pé de precatas Havaianas, uma dentadura, camisetas, laje e até cesta básica e exame com oculista! Um século (XX), duas longas ditaduras (Getúlio Vargas e militares), promessas, promessas, esperança verde, azul, branca, amarela, vermelha, fechamos o século XX e estamos no primeiro quartel do século XXI assim, impotentes, repetindo o mesmo status quo: um imenso fosso entre o polo super rico e o polo pobre, miserável, com uma classe média definhando de forma inexorável! Resta agora tentar compreender o que nos mantêm assim, um Brasil que come com talher de prata e um enorme contingente da nação que só come com as mãos ou nem tem o que comer! Para esta jornada é necessário compreender a manipulação das expectativas, medos e esperanças incutidas no imaginário da população, principalmente, na era José Sarney, um político com mais de 50 anos no poder!
Será preciso destrinchar os fundamentos da manipulação especulativa do povo brasileiro através de dois receituários econômicos: o capitalismo desesperançado e o socialismo possível alimentados e aditivados com a manipulação da Educação! Mas essa jornada é assunto para outro artigo...
*Por Que A Gente é Assim?
Indígenas, africanos, portugueses, espanhóis, franceses, ingleses, holandeses e outros, tudo junto e misturado, miscigenado, diversificado, eis a cara do povo brasileiro! Viva nóis! Viva o povo brasileiro! Viva João Ubaldo!
Se podemos apreender e entender os processos econômicos, sociais, raciais na formação do país, estudando a História mundial, europeia em particular, da formação dos estados modernos e nascimento e glória do sistema de produção capitalista é que vamos saber "qual a parte que no cabe" na Ordem mundial e divisão de tarefas desde o "descobrimento"!
Já o caráter da política, o mesmo que administrar, e o mau caratismo dos políticos devemos estudar o sistema de governo, isso é, o "jeitinho português/espanhol de governar/administrar": o Patrimonialismo**! Duas faces mortais desse jeitinho: hereditariedade e apropriar e tratar a coisa pública como posse privada passando por cima d e toda a sociedade civil, o povo.Capitanias hereditárias, senhores de escravo, coronéis, barões, doutores, o grande pai, reis, de pai para filho! Autoritarismo, despotismo cruel, patrimonialismo. Tratando como gente as coisas; tratando gente como mercadoria, gado, bicho; tratando bichos como portadores de alma e cidadania! A nossa maior fraqueza não é "Um defeito de cor***" e sim a enorme impotência desde o fim da escravidão (1888) e fim do império (1889) frente à manutenção e insistência num status quo fisiológico que se reproduz dia-a-dia em todas gerações desde a República! Casa grande e senzala, protetor e protegidos, coronéis, barões, reis e seus "compadres", sr. doutor e desvalidos, paizão e pobres miseráveis! Mais de quinhentos anos de história, de "mediação", apropriação e expropriação do Estado e tratamento de gado vira-lata para mais de 200 milhões de brasileiros no solo de um gigantesco continente riquíssimo e um país que perfila entre as dez maiores potências econômicas do mundo e de valor geoestratégico e geopolítico inimaginável! Formar, criar, fundar um país com base na escravidão humana explica claramente "Por que a gente é assim"?, uma nação de vira-latas, gado de quinta-categoria, cidadania falseta restrita ao voto nas eleições a cada dois anos e ainda assim um voto laçado e encabrestado na força, na marra, com um pé de precatas Havaianas, uma dentadura, camisetas, laje e até cesta básica e exame com oculista! Um século (XX), duas longas ditaduras (Getúlio Vargas e militares), promessas, promessas, esperança verde, azul, branca, amarela, vermelha, fechamos o século XX e estamos no primeiro quartel do século XXI assim, impotentes, repetindo o mesmo status quo: um imenso fosso entre o polo super rico e o polo pobre, miserável, com uma classe média definhando de forma inexorável! Resta agora tentar compreender o que nos mantêm assim, um Brasil que come com talher de prata e um enorme contingente da nação que só come com as mãos ou nem tem o que comer! Para esta jornada é necessário compreender a manipulação das expectativas, medos e esperanças incutidas no imaginário da população, principalmente, na era José Sarney, um político com mais de 50 anos no poder!
Será preciso destrinchar os fundamentos da manipulação especulativa do povo brasileiro através de dois receituários econômicos: o capitalismo desesperançado e o socialismo possível alimentados e aditivados com a manipulação da Educação! Mas essa jornada é assunto para outro artigo...
*Por Que A Gente é Assim?
Compositor: Cazuza / Roberto Frejat / Ezequiel Neves
Esta é uma regravação da música de Barão Vermelho
Esta é uma regravação da música de Barão Vermelho
** Sobre "Patrimonialismo" ver Os donos do poder. Raymundo Faoro.
*** Sobre nossa herança da mãe Africa ver: Viva o povo Brasileiro de João Ubaldo e Um defeito de cor. Ana Maria Gonçalves
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