BRAZIL: ORIGEM E HORIZONTALIZAÇÃO DAS FAVELAS
"Conheça a história da 1ª favela do Rio, criada há quase 120 anos. Morro da Providência foi ocupado por combatentes e ex-escravos em 1897. Cidade faz 450 e tem grande parte da população vivendo em comunidades."http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-450-anos/noticia/2015/01/conheca-historia-da-1-favela-do-rio-criada-ha-quase-120-anos.html
Marina da Silva
A origem das favelas brasileiras está historicamente condicionada ao processo de desenvolvimento econômico pelo qual passou o país desde a colonização, império e república. Senzalas, cortiços, favelas são “fenômenos” que se cristalizaram simultaneamente com o processo de formação econômica-político-social-territorial/bélico-religiosa ligados à exploração de um imenso continente de riquezas, reserva geoestratégica e geopolítica cobiçado e disputada pelas potências mundiais desde o século XVI até tornar-se propriedade exclusiva dos norte-americanos pela Doutrina Monroe em meados do século XIX em plena hegemonia mundial da Grã-Bretanha!
"Entre as revoltas nativistas mais importantes estão: Revolta de Beckman, Guerra dos Emboabas, Guerra dos Mascates e a Revolta de Filipe dos Santos. São revoltas separatistas: Inconfidência Mineira e Conjuração Baiana."http://www.infoescola.com/historia/revoltas-do-periodo-colonial-brasileiro/
Muitas vezes apresentado como ciclos descolados da realidade mundial, o processo de ocupação e exploração/expropriação e extermínio dos nativos das terras brasileiras está inserido dentro do processo mundial do surgimento, transição e dominância do modo de produção capitalista. Para Karl Marx a importância do Brasil e das colônias nas Américas se liga ao que o autor denomina “fase primitiva de acumulação de capitais”! O Brasil fundado colônia de Portugal durante a revolução comercial e expansionismo marítimo foi parte do processo de acumulação de capitais que seria a base para o surgimento, crescimento e superação do sistema feudal de subsistência pelo modo de produção capitalista.
Colônia escravocrata, latifundiária e de monocultura, a Ilha de Vera Cruz passou a Terra de Santa Cruz até chegar a Brasil exterminando e escravizando indígenas, importando escravos da África negra tanto para os engenhos de cana-de-açúcar, mineração do ouro, diamantes e pedras preciosas, plantações de café, etc como para a expansão territorial e guerras!
www.google.com.br/images. IMPÉRIO. Antônio Conselheiro e a Guerra dos Canudos.
Balaiada, Sabinada, Farroupilha, guerra do Paraguai e muitos outros conflitos e guerras internas marcam o Brasil Império[1822-1889].
Império a partir de 1822, o fim da escravidão em 1888 precedeu a proclamação da República em 1889. As senzalas dão lugar nas cidades aos cortiços e favelas que se expandem geograficamente e horizontalizadas, passando por um crescimento geométrico acelerado a partir da reorientação econômica: processo de industrialização na região sudeste, área core do Rio de Janeiro, capital do Brasil e São Paulo, pólo cafeeiro e industrial, “a terra das notas de cem”!
Esforços concentrados no Rio de Janeiro e São Paulo levarão a um imenso deslocamento migratório interno do Nordeste para o Sudeste (decadência dos engenhos, fim da escravidão), aumento da urbanização, cortiços e favelas. É do nordeste a mão-de-obra que edificará e sustentará o desenvolvimento econômico exponencial de São Paulo e Rio de Janeiro; uma vasta população fugindo da miséria e em busca de melhores oportunidades e condições de vida.
"Dois fatores históricos importantes contribuíram para as primeiras ocupações na região: o grande número de soldados vitoriosos da Guerra de Canudos, que desembarcaram no Rio em 5 de novembro de 1897 sem moradia, e a grande concentração de negros que lotavam a cidade após a abolição da escravatura. Com a lei do ventre livre em 1871, a cidade do Rio se encheu de ex-escravos em busca de trabalho. Nessa época começam a surgir uma grande quantidade de cortiços na região Central, que até então era considerada área nobre da cidade e se tornou uma importante região de concentração de trabalho com a construção da Central do Brasil, em 1858.""http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/rio-450-anos/noticia/2015/01/conheca-historia-da-1-favela-do-rio-criada-ha-quase-120-anos.html
A senzala faz parte da produção e acumulação de capitais do Brasil colônia; os cortiços são “a parte que te cabe neste latifúndio”; as favelas são frutos do “romantismo social” na cabeça de políticos medíocres como Sérgio Cabral Filho [deputado estadual 1991-2003; senador 2003-2006, governador 2007-2014] e Eduardo Paes [ sub-prefeito 1993-1997, vereador 1997-1999, deputado federal 1999-2007, prefeito 2007-2016, ambos PMDB/RJ, que ressuscitaram os cercamentos modernos, verdadeiros guetos nazistas, erguendo muros, cercando e militarizando as favelas cariocas através das milícias oficiais UPP's- unidades policiais de pacificação, também conhecidas como Unidades Pacificadoras de Pobres!
http://diariodorio.com/o-muro-da-vergonha-criando-guetos-no-rio-de-janeiro/
www.google.com.br/images. "Cada um no seu quadrado!
Contrariando a estultícia e intolerância de sérgio cabral/eduardo paes, políticos profissionais, a História do Brasil afirma, entre outras “origens”, o surgimento de favelas ligadas às promessas politiqueiras à todos aqueles que lutassem nas guerras travadas pelo país tanto na "pacificação interna" como guerra contra seus vizinhos, especialmente a cruel e sanguinária guerra contra o Paraguai onde, o Brasil, por pouco, não riscou o Paraguai e seu povo do mapa! Terrenos em áreas de risco nos morros do Rio de Janeiro, cidade serrana, pedreiras desativadas, etc, seriam “o prêmio romântico dos políticos” que deram origem às favelas cariocas que, assim como em São Paulo, ganharam robustez em áreas precárias e perigosas a cada limpeza humana nas limpezas urbanas!
As favelas ganharam corpo e robustez tanto pela concentração de riquezas como pela “intervenção urbana”, verdadeiras "limpezas "oficiais que destruíam cortiços e moradias precárias e deslocavam a população para áreas mais precárias, perigosas, de alto risco; acompanhando rios, córregos, riachos, subindo morros, ocupando pedreiras e tudo em nome das obras públicas de urbanização. Morro da Providência e favela Cabeça de Porco (RJ); Pedreira Prado Lopes, Morro do Papagaio, favela da Concórdia e Taquaril (BH), Alagados (SA), Hortolândia, Paraisópolis, (SP)...” a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que”.
www.google.com.br/images sérgio cabral e o "cercamento da favela da Rocinha!
As favelas ganharam corpo e robustez tanto pela concentração de riquezas como pela “intervenção urbana”, verdadeiras "limpezas "oficiais que destruíam cortiços e moradias precárias e deslocavam a população para áreas mais precárias, perigosas, de alto risco; acompanhando rios, córregos, riachos, subindo morros, ocupando pedreiras e tudo em nome das obras públicas de urbanização. Morro da Providência e favela Cabeça de Porco (RJ); Pedreira Prado Lopes, Morro do Papagaio, favela da Concórdia e Taquaril (BH), Alagados (SA), Hortolândia, Paraisópolis, (SP)...” a arte de viver da fé, só não se sabe fé em que”.
Índios moram em ocas, escravos em senzalas, mulatos, mestiços, negros libertos, imigrantes estrangeiros, enfim, a população pobre mora em cortiços e favelas. O pobre brasileiro miserável vive em palhoças, choças, taperas, malocas, casebres, barracões de zinco ou de troços, palafitas, casas de pau-a-pique nas favelas.
Senhor e escravos, patrão e empregados, Sinhazinha e dona coisa. O Brasil se forja e se desenvolve nesta dicotomia de desigualdade e disparidade econômica, social, política, cultural, etc, alienando e justificando para um Brasil mediano e classe média que os pobres não só merecem este lugar social como são responsáveis por ele!
A culpa da existência das favelas está atrelada, principalmente na cabeça da classe média clássica, à permissividade do “governo” não impedindo a ocupação ilegal dos favelados no tecido social urbano, mero “populismo político e econômico”. É por absurdidades como esta, permeando o imaginário de ricos e principalmente da classe média, que no Brasil etiquetaram, classificaram e selaram a classe média como burra!
Senhor e escravos, patrão e empregados, Sinhazinha e dona coisa. O Brasil se forja e se desenvolve nesta dicotomia de desigualdade e disparidade econômica, social, política, cultural, etc, alienando e justificando para um Brasil mediano e classe média que os pobres não só merecem este lugar social como são responsáveis por ele!
A culpa da existência das favelas está atrelada, principalmente na cabeça da classe média clássica, à permissividade do “governo” não impedindo a ocupação ilegal dos favelados no tecido social urbano, mero “populismo político e econômico”. É por absurdidades como esta, permeando o imaginário de ricos e principalmente da classe média, que no Brasil etiquetaram, classificaram e selaram a classe média como burra!
A expansão horizontal de moradias populares e aglomerados de favelas no Brasil está ligada à “economia de aglomeração” na fase de industrialização, que promoveu o deslocamento de milhares de pessoas para os centros urbanos do sudeste a partir da década de 40 século XX. Concentração de indústrias, matérias-primas, mão-de-obra; um enorme exército que construiu megalópoles (SP,RJ) e metrópoles como Belo Horizonte, sem a mínima preocupação com infra-estruturas básicas: habitação, transporte público, saneamento básico(água, luz, esgoto, asfaltamento), serviços de educação, saúde e segurança pública, lazer, entre outros, para receber os trabalhadores nativos e imigrantes.
O “milagre brasileiro” dos primórdios dos anos setenta promoveu a urbanização acelerada na região sudeste acompanhada pelo crescimento vertiginoso das favelas. Quanto maior o crescimento econômico do Brasil, maior é a concentração de renda, maior o fosso que separa ricos e pobres, menor é o desenvolvimento humano e material de milhões de brasileiros.
A República replica cruelmente o mesmo status quo da colônia/império: casa grande X senzala; mansões X cortiços; condomínios e moradias de luxo X aglomerados de favelas! O país chega nos anos oitenta atolado na pobreza, miséria, altos índices de violência, desrespeito aos direitos humanos nas favelas pelas polícias oficiais e surgimento das milícias de policiais corruptos e dos narcotraficantes! A insegurança geral justifica a violência oficial contra as populações das favelas e servirá de mote de campanhas políticas a partir da redemocratização do país e o fim da ditadura militar. A favela entra em cena demonizada, satanizada e como arma politiqueira nas eleições...mas este é assunto para outra oportunidade!
O “milagre brasileiro” dos primórdios dos anos setenta promoveu a urbanização acelerada na região sudeste acompanhada pelo crescimento vertiginoso das favelas. Quanto maior o crescimento econômico do Brasil, maior é a concentração de renda, maior o fosso que separa ricos e pobres, menor é o desenvolvimento humano e material de milhões de brasileiros.
A República replica cruelmente o mesmo status quo da colônia/império: casa grande X senzala; mansões X cortiços; condomínios e moradias de luxo X aglomerados de favelas! O país chega nos anos oitenta atolado na pobreza, miséria, altos índices de violência, desrespeito aos direitos humanos nas favelas pelas polícias oficiais e surgimento das milícias de policiais corruptos e dos narcotraficantes! A insegurança geral justifica a violência oficial contra as populações das favelas e servirá de mote de campanhas políticas a partir da redemocratização do país e o fim da ditadura militar. A favela entra em cena demonizada, satanizada e como arma politiqueira nas eleições...mas este é assunto para outra oportunidade!
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