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17 fevereiro 2015

BRAZIL: QUEM É ESTE HOMEM JUCA ZOKNER?

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Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Marcelo Andrade/Gazeta do Povo / Juca em sua biblioteca: “manter sobrevivendo os neurônios sobreviventes”Juca em sua biblioteca: “manter sobrevivendo os neurônios sobreviventes”
PERFIL

Juca “rumoreja” rimas

Poeta e humorista curitibano escreve poemas divertidos e delicados como seus origamis
Publicado em 22/03/2014 | 
Num banco feito de dormentes de estrada de ferro, José Zokner, o Juca, se senta às tardes para “tomar chimarrão e garatujar sobre coisas que precisam ser inventadas e pequenas constatações na falta de maiores”.
Olhar calmo, barba hirsuta e revoltos cabelos brancos, Juca é uma daquelas
 pessoas que “dá passarinho”, para usar a expressão do cronista Rubem Braga.
 Trata a natureza com a intimidade de velho amigo.

Reprodução
Reprodução / Partitura da ária para barítono e piano “Constatação Fatal”, de Henrique Morozowicz, o Henrique de Curitiba, feita a partir de um texto de José Zokner, o JucaAmpliar imagem
Partitura da ária para barítono e piano “Constatação Fatal”, de Henrique Morozowicz, o Henrique de Curitiba, feita a partir de um texto de José Zokner, o Juca
Na parede da entrada de sua
 residência quase campestre no
 bairro Vista Alegre há uma parede
 que, como num memorial militar,
traz os nomes dos amigos caídos,
 cães e gatos de rua que adotou e
 cuidou ao longo da vida.
Em boa parte de seus 77 anos,
Juca foi engenheiro civil. Em todos
 eles foi poeta e humorista,
 jogando com rimas que zombam
 com a “intrincada condição humana”,
cheias de seu ferino humor judaico
 e verve de jogador campeão
de truco.
“Eu procuro ser um humorista.
A tônica dos meus textos é o
humor. Não sei escrever de
outra maneira. Faço isso
 para manter sobrevivendo
os neurônios sobreviventes”, brinca.
Seu primeiro livro,
 Rimas Primas (AGE),
 lançado em 2004, recolhe boa parte do trabalho que Juca publicou
durante treze anos na coluna “Rumorejando”, no extinto jornal
O Estado do Paraná. Seu poemas são divertidos, mas também
 delicadamente pensados, como os origamis que faz.
No final do ano passado, lançou seu segundo livro,
 150 Sonetos & 1 Sonetão (Pseudos) (Nova Letra).
 A ressalva entre parênteses no título é para “livrar a cara”
do autor, que não obedece ao pé da letra às regras da
 composição poética. O “sonetão” é um soneto multiplicado
 por dois (com 28 versos em lugar dos habituais 14).
A ideia para este livro nasceu depois que Juca submeteu uma
longa narrativa em trova rimada a um concurso, patrocinado
por um banco. O texto não foi selecionado, o que deixou
Juca cabreiro. Para atestar a qualidade que reconhecia no
 próprio trabalho, enviou o texto a Millôr Fernandes, que
deu seu veredito. “Excelente”, escreveu o “guru do Meyer”.
 O elogio do mestre lhe deu a coragem necessária
 para se autopublicar.
Glória bufa
Outro elogio, em forma de homenagem, Juca
recebeu quando o compositor erudito
Henrique Morozowicz (1934-2008),
 seu colega no Colégio Estadual na década de 1950,
o procurou no ano de 2007. “Ele me disse que era
meu leitor
 e que criara uma ária bufa em cima de um texto meu.”
Henrique de Curitiba morreu no ano seguinte.
Mas escreveu a peça “Constatação Fatal”, que
 foi apresentada em um programa em homenagem
 ao compositor em 2010, na Capela Santa Maria.
“Eu tive meus dois minutos de glória na vida. O povo
ouviu a peça e riu. Fui chamado ao palco e tive de fazer
 um discurso. Fui ovacionado. Somando meu discurso com
 os aplausos, temos os dois minutos”, diverte-se.
Os textos de Juca podem ser lidos e seus livros adquiridos
 no blog rimasprimas.blogspot.com.

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